Eight (tradução)

Original


La Dispute

Compositor: Não Disponível

1968. San Diego. Eu recém saí de um relacionamento que não deu certo. Eu estava bravo e desiludido, e fundamentalmente auto-destrutivo. Eu perdi tudo que eu acreditava e eu estava completamente sozinho, como eu jamais havia estado.

Então eu comecei a fazer caminhadas.

Eu comecei a fazer caminhadas tarde da noite pelos subúrbios de San Diego que eu estava morando no momento. Eu começava a caminhar de tardezinha e voltava perto da meia-noite, às vezes mais tarde. Caminhando e pensando e mastigando o que havia dado de errado com a minha vida.

Uma noite, nas ruas Fourth e E, eu fui assaltado e espancado por uma gangue de rua e isso me levou ao hospital com sérios indícios de morte. Quando o médico da sala de emergência me perguntou qual era minha religião, eu me recusei a responder. Eu fiz minha paz privada com o universo, conformado com o que fosse acontecer, viver ou morrer.

Até que algo aconteceu. Eu fiquei bravo. Eu fiquei bravo porque eu ainda tinha histórias pra contar. Então eu lutei de volta.

Eu levei dois meses pra me recuperar totalmente. Mas duas coisas surgiram em consequência desse incidente. Primeiro, eu não tenho medo da morte. Absolutamente não.

Segundo, assim que eu melhorasse, eu voltaria a caminhar.

Às vezes até 3 ou 4 horas da manhã, por partes que deixavam até moradores de ruas nervosos.

E quando perguntassem o que eu estava fazendo lá tão tarde da noite, a única resposta que eu podia dar era que eu estava procurando por algo.

Então eu continuei caminhando por algumas das partes mais perigosas de San Diego, antes que ela fosse limpa, quando ainda havia lar para prostitutas e bêbados e gangues e viciados e violência aleatória.

Finalmente, uma tarde, eu fui até os mesmo lugares pelos quais eu caminhei durante a noite e eu fui atingido pela dicotomia entre aquele lugar à noite e aquele mesmo lugar durante o dia.

Durante o dia, haviam empresários e crianças e funcionários, ansiosos para chegar em casa e jantar e ver TV e ficar com a família.

Então, depois, veio a noite substituir, as pessoas perdidas, emergindo das sombras e camas de dor para caminhar pelas mesmas ruas à procura de correções, dinheiro e bares, sumindo gradualmente com o amanhecer.

Dois mundos totalmente diferentes, compartilhando nada além de longitude e latitude. Havia a nação do dia e a nação da noite, existindo lado a lado mas apenas fugindo um dos outros.

Uma nação diurna.

E uma nação noturna.

Eu vi um país bifurcado por mais que apenas a presença e ausência de luz, mas por vidas deixadas de lado e sem cuidado; os fugidos e os jogados fora de um lado e, do outro, aqueles que fingiam não vê-los, porque não ver é mais fácil.

E eu vi alguém sendo forçado a caminhar pelos dois lados da metáfora, para aprender que a maior crueldade é nossa cegueira casual para o desespero dos outro, que há, mas pela graça de deus o que você vai subscrever a qualquer um de nós.

E finalmente, eu me dei conta de que eu encontrei o que eu estava procurando sem estar bem certo do que se tratava. Eu encontrei uma historia que faria minha propia vida fazer sentido novamente.

Esta história.

Eu ainda faço longas caminhadas, e ainda paro e converso com as pessoas que estão no canto e espero que algo aconteça para eles, que esperam que o dinheiro caia em um chapéu ou um copo, que esperam por alguém que reconheça suas dores, porque a linha entre a nação da meia-noite e o lugar onde estou sentado agora, escrevendo estas palavras, é fina e efêmera e pode ser cruzada em um instante.

E porque o caminho para a nação da meia-noite pode ser apagada apenas pela compaixão.

Eu encontrei a minha história, esta história, em uma tarde nebulosa em 1978. Agora é a sua vez. As chaves para a nação da meia-noite estão em suas mãos.

O que você vai fazer com elas é decisão sua.

J. Michael Straczynski.

Sherman Oaks, CA

21 de Julho de 2002

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